21/10/2008


Namasté amigos,

Estou de novo nos Himalaias, na pequena vila Bagsu, depois de 3 meses viajando pelo Ladhak e pela Tailândia. A vila agitada e povoada por turistas e viajantes entrou numa calma profunda, nestes meses que estive pelo mundo, a natureza foi feroz e a chuvadas intensas destruíram caminhos, casas, templos... afastando os curiosos vindos de todas as partes do mundo para desfrutarem da natureza pura, da vida refugiada nestas paragem dos tibetanos e do yoga em sítios encantados onde a neblina envolve os corpos como numa nuvem de algodão doce. Cheguei num tempo abençoado, a chuva havia terminado a uma semana, o sol erradia quente e doirado entre a floresta de arvores frondosas de carvalhos de bolotas pequenas, de cedros e de pinheiros típicos dos Himalaias... o silencio é absoluto. Lojas, bares, restaurantes e uma data de guest house, fecharam por não haver quem os frequente... eu sinto-me reconfortado neste clima e entre os amigos que por aqui fui criando, sabe bem descansar depois de 2 meses na Tailândia.

Quando decidi ir até à Tailândia, tinha a ver com uma questão prática, o meu visto estava a terminar e era necessário renova-lo para continuar na Índia e no meus estudos ayurvédicos... tinha programado estar neste país duas semanas, tempo suficiente para tratar do visto e regressar... os motivos que me levaram a ir a este canto asiático, foi de ser um país barato, budista e porque o bilhete de avião custava 60euros, Kolcata – Bankok.

Quando cheguei a Bankoke, do aeroporto ao centro da cidade, onde iria ficar hospedado numa Guest house que o meu amigo Santiago me havia recomendado, fiquei deslumbrado com uma cidade gigante e moderna, cheia de arranha céus, limpa e bonita... achei as pessoas simpáticas e simples, colocando as mãos juntas em frente ao externo e saudando, prática que foi presente nestes dois meses que por ali existi...

Andei pelas ruas maravilhado, havia em cada esquina em cada parte centros de massagem tailandesa, a preços alucinantes de 160B uma hora, ou seja 3 euros e 40 cêntimos, sítios simples, limpos e confortáveis... estava deslumbrado como um menino pequeno que vai pela primeira vez a um parque de diversões...

Com um mapa na mão pateei ruas, calçadas, parques, visitei monumentos, templos budistas, até me sentir exausto e completamente molhado pelo transpiração perante os 35º graus de temperatura sem sol... decidi regressar ao abrigo tomar um banho relaxar e sair para receber uma massagem e depois dormir... nesse momento tomei contacto com outra realidade ao entrar num spa, perto do sitio onde pernoitava, a meio da massagem uma tailandesa linda, tirada de um conto de fadas, me ofereceu os seus serviços mais íntimos em troca de meia dúzia de trocados. Fiquei petrificado, não esperava por aquilo... muito menos num sitio comum, numa rua central da cidade... pedi que terminara a massagem thai e retirei-me sem comentários, esta mulher linda de uns 23 anos, acompanhou-me a porta e deu-me um cartão com o numero de telefone, sussurrando baixinho que fazia serviços ao domicilio depois das 24h. Eu sorri e segui... num primeiro momento o meu ego inchou, achei que tinha algo que encantava a estas mulheres de olhos em bico... e fui dormir maravilhado.

No dia seguinte visitei Silom, uma parte turística da cidade, conhecida por bares, restaurantes e casas de sexo... exausto pelo calor que derretia o meu corpo escorrendo gotas enormes de suor empapando a roupa deixando-me desconfortável e com a sensação que estava a derreter, nesse momento veio a minha mente a visão do fogareiro gigante de Fátima, onde os peregrinos colocam as velas e aquelas grandes imagens de santos e anjos que desaparecem derretidas pelo calor do fogo, eu sentia-me assim uma daquelas imagem a derrete lentamente, gota após gota aumentando o desconforto que sentia na pele... decidi entrar numa outra casa de massagem, linda, bem decorada e fresca. Desta vez fui atendido por um rapaz de vinte e tantos anos, que me acompanhou a parte cima do spa, e indicando-me o sitio onde poderia trocar de roupa e vestir uns quimonos próprios da massagem thai, porque esta massagem vem do yoga massagem e é uma sequencia de movimentos agradáveis e relaxantes, sem óleo sendo o resultado final de leveza... quase no final da massagem este jovem, sugeriu oferecer-me os seus serviços sexuais em troca de 500B, explicando que os tailandeses não tem muito dinheiro, fiquei em pânico, ou eu não sabia escolher os sítios onde ia ou estão isso era assim, como algo normal nesta cultura. Uma semana mais tarde conclui que era uma prática normal neste povo sobrevivente, quando observei uma quantidade de turistas de idades "maduras" 65 para cima, acompanhados por deusas thais de corpos perfeitos... fiquei aterrorizado e o meu ego diminuído... entendi que por aqui sexo é dinheiro e só isso... mas mais abismado fiquei quando vi um fulano sem um braço e com os dedos da outra mão cortados acompanhado por uma sereia tão perfeita que os meus olhos pareciam pegar-se como cromo a esse corpo cintilante... e nos dois meses que estive nesse país pude comprovar e habituar-me a essa ideia que me esvazia por dentro e tentar entender como estas mulheres se podiam sujeitar a esses homens gordos e velhos, de cabelos brancos, vestidos de adolescentes rebeldes... sem uma pinga de amor, só pelo dinheiro, mas entendi que a luta pela sobrevivência é feroz...

No dia seguinte segui para a embaixada da Índia, para renovar o visto e fui informado, por um Indiano mal humorado de que só me autorizavam o visto para 3 meses... esta notícia apanhou-me de surpresa, pois esperava um visto de 6 meses... sem saber o que fazer, telefonei para a minha escola de ayurveda, que me aconselhou ficar dois meses na Tailândia e depois tentar um novo visto, tinha funcionado com outros estudantes... e decidi ficar... e o que fazer então? Entrei num desses ciber que na Tailândia são espectaculares, computadores modernos, rápidos, com uns cadeirões desses que se movem colocando o corpo relaxado e confortável, além do preço ser muito barato, e naveguei pela janela do mundo há procura de sítios que visitar, de cursos de meditação budista, de cursos de thai massagem... apareceram tantas sugestões que não pude decidir o que fazer... por um lado estava farto de Bankoke, uma cidade grande, moderna, poluída, com grandes centros comerciais, onde se vende tudo o que pelo mundo se faz de marca de qualidade, às portas dos centros grandes, onde as gentes endinheirada adquire as últimas novidades da moda, estavam pequenas barraquitas, multiplicadas, parecendo cogumelos num bosque prospero, onde se vendia as mesmas coisas, às vezes até mais interessantes do que dentro das portas grandes, a preços muito mais baratos, cópias precisas em materiais menos nobres, onde os turistas passavam grande parte do tempo a regatear a melhor oportunidade eu também por ali andei...

Nessa noite, exausto pelo calor, pelo ruído da cidade e do ar pesado da poluição sentei-me rendido num pequeno terraço na rua das embaixadas, a beber uma cerveja de meio litro e a contemplar as pessoas que por ali passavam preocupadas em seus afazeres, enquanto passava o tempo perdido nos meus pensamentos, sentou-se na mesa do lado um casal de espanhóis, falando sem parar, rindo e a beber cerveja de meio litro, decidi meter conversa... falamos durante bastante tempo, ela uma jovem de 26 anos ele aparentava um pouco mais velho, Rocio tinha olhos cor azeitona, uns lábios grossos e dentes amarelados, talvez pelos cigarros que fumava, uns atrás dos outros, tinha apele morena e um sorriso de andaluza, ele que não me lembro o seu nome, era puro musculo, um ar abrutalhado, com cicatrizes pela cara, mas com uma voz terna e de modos educados, que nada tinham a ver com a profissão que levava, ele trabalhava na Tailândia, como lutador de Thai boxe... Rocio por sua vez estivera a estudar durante 6 semanas numa escola de thai massagem, tirando o curso de professora de massagem... trocamos ideias, ela deu-me o contacto da escola, que anotei piedosamente... despedimo-nos e fui dormir.

No dia seguinte, depois do pequeno-almoço, entrei nesse confortável ciber para averiguar o site da escola que Rocio me havia aconselhado (www.itmthaimassage.com). Esta escola ficava no norte da Tailândia, numa cidade que tem por nome Chiang Mai, ouvira falar dela, é um destino de muitos turistas e viajantes, uma cidade mais pequena que BKK e mais barata por sinal - tive a oportunidade de comprova-lo mais tarde - . Enviei um e-mail para a escola e a resposta foi rápida, agradável, detalhada... entrei noutros sites de escolas de thai massagem para comparar os preços e esta apresentava melhor oferta. Consultei a página Thai ar line e havia uma promoção de voos, e comprei por 20 euros a passagem de BKK a Chiang Mai.